Um dia, os cegos verão
*Por Suelen Dias
João 9:1-41
Certo dia, depois de terem encontrado um homem que era cego desde o nascimento, os discípulos de Jesus lhe perguntaram quem teria pecado para que este homem fosse cego. Isto porque naquela altura e naquele contexto cria-se que se uma pessoa nascia com alguma doença, tal deveria ser resultado do pecado dos seus antepassados. Diante desta questão, Jesus respondeu que ninguém tinha pecado, mas que aquele homem tinha nascido cego para que o poder de Deus se manifestasse.
Como assim, será que li bem? Foi preciso que alguém nascesse com uma limitação física para que o PODER de Deus se manifestasse? Porque não fazê-lo logo perfeito? – Bem, já não me recordo em pormenor o que pensei na primeira vez que li esta passagem, mas acredito que a minha primeira reação a esta afirmação tenha sido algo deste género.
A história continua e vemos o relato daquele que é o sexto dos sete milagres descritos no Evangelho de João. Jesus intervém e o cego passa a ver. Uma mudança tão grande na vida deste senhor não passaria despercebida àqueles que estavam acostumados a vê-lo. E, como não seria diferente hoje, perguntaram-lhe que lhe tinha sucedido para começar a ver.
Após explicar o que se passou, começaram as conversas e discussões sobre o assunto. Se, por um lado, alguns defendiam que não poderia ser alguém enviado por Deus a fazer tal milagre, porque o fez num sábado. Por outro, outros acreditavam que pecadores não poderiam fazer sinais destes, logo teria de ser alguém enviado por Deus.
A troca de perguntas e respostas estende-se, e algumas questões ecoam na minha mente enquanto releio este relato.
“Tornaram-lhe a perguntar: «Que é que ele te fez? Como é que te abriu os olhos?» «Já vos contei como foi, mas vocês não acreditaram em mim», respondeu ele. «Que mais querem ouvir? Será que também querem ser seus discípulos?»” – João 9:26-27
[Aqui, penso em como naturalmente resisto a aceitar que coisas que defendo como erradas, podem ser certas (e vice-versa), como o impossível pode, afinal, ser possível e como prontamente me coloco no lugar de quem tem todas as respostas.]
Mais à frente, no final deste relato sobre a cura, temos o cego a responder a Jesus que não sabe quem é o Filho do Homem para que possa acreditar nele e Jesus a responder que é ele próprio. E, como poderia então não acreditar se estava ali, mesmo à sua frente?! Ao que, o agora não mais cego, lhe respondeu: “Eu creio, Senhor!” (v. 38).
À semelhança de como se revelou para este homem que era cego e passou a ver, Jesus quer tornar-se conhecido a cada um de nós. Quer mostrar-nos quem ele é e o que ele é capaz de fazer. Que não se limita àquilo que conhecemos – “desde que o mundo é mundo, nunca se ouviu dizer que alguém desse a vista a um cego de nascença” (v. 32) -, nem a datas especiais – era sábado, dia de descanso (v. 14). Pergunta-nos, apenas: Acreditas?
_________________________
PERGUNTAS PARA REFLEXÃO
“Tu acreditas no Filho do Homem?” (v. 35) Quando Jesus lhe pergunta, o homem responde afirmativamente “Eu creio, Senhor!”. Talvez tu, sendo sincera contigo mesma, não consigas responder da mesma maneira. Pensas “Creio neste Jesus que faz milagres e cura doentes?” e a tua resposta sincera é, “Queria responder que sim, mas não”. A boa notícia que vemos neste texto é que Jesus veio para que aqueles que são cegos possam ver. Jesus cura e promete que, um dia, os cegos verão.
- Como te sentes hoje em relação a esta afirmação? Ora pedindo a Deus que te encontre e ajude a crer no seu poder de curar e fazer coisas que nunca foram feitas antes, como dar visão àqueles que nasceram sem ela.
De certa forma, todos nascemos cegos. Se hoje vemos, não é por nós mesmos, mas porque o milagre já foi feito por nós: Jesus, feito homem, que morreu para nos dar vida.
- Há margem na tua vida para que o poder de Deus se manifeste? Pensa em que áreas da tua vida estás como o cego, conformado com o estado de fragilidade, e pede a Deus que te encontre e use a tua fragilidade para que o seu poder se revele.
_________________________
Suelen Dias, Portugal
Obs.: Texto escrito em português de Portugal. Esta plataforma não obedece ao Novo Acordo Ortográfico e respeitas as regionalidades da Língua Portuguesa de acordo com a origem de suas autoras.