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Que fé é esta?

A Bíblia avisa que quem ama Jesus será perseguido. É algo que qualquer cristão deveria ser alertado e preparado desde a sua conversão, independentemente do lugar onde vive. Este cenário de perseguição é algo pelo qual oramos em nossa igreja em Lisboa – Portugal, há largos anos. Não escondemos das nossas crianças a realidade de que o século passado matou mais cristãos do que no resto da história da Igreja. Não ocultamos alguns dos horrores que muitas famílias suportam por amor à cruz. Contamos como se avalia a perseguição e em que esferas pode ser vivida (na individualidade, na família, na comunidade, na nação e na igreja).
Por isso, quando há uns meses ouvia o testemunho de uma viúva africana, cujo marido tinha sido martirizado por anunciar o nome de Jesus pelas redondezas, fiquei muito comovida. Esta jovem cristã, no meio da sua enorme dor, agradecia a Deus porque o marido não tinha negado a Jesus e estava agora a usufruir da recompensa de ter sido um servo fiel. No meio desta comoção, esta senhora foi confrontada com o perigo que ela própria corria e não demonstrava receio. A perseverança nas suas palavras pareciam algo de inabalável (e invejável, para mim).
Depois percebi. Quando lhe foi mencionado que havia lugares no mundo onde era seguro ser cristão, ela hesitou. Ficou em silêncio. Não sabia como reagir. Depois, com a humildade possível, demonstrou compaixão. Dizia ela que ser perseguido permitia contemplar a glória de Deus em estado contínuo e sempre com maior intensidade. E que isso era algo que lhe trazia alegria, força, fé.
Fiquei a meditar no que esta senhora disse. Na verdade, ela sentia pena de pessoas como eu, cuja perseguição não passa de pequenas discriminações sociais. Chamar discriminação social de perseguição roça o atrevimento. Não sou perseguida, na verdade, e dou comigo a dar graças a Deus porque me deito em segurança e não temo quando saio à rua com os meus filhos, quando ao domingo levanto as mãos a adorar na minha comunidade.
Mas a Bíblia está cheia de versículos acerca da perseguição. Aquando, no Monte, Jesus disse: “Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, pois deles é o reino do céu.” Mais tarde, o apóstolo Paulo escreve a Timóteo e é claro: “…todos os que desejam viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos.”
Imaginamo-nos sempre, enquanto cristãos, a ser o sal e a luz do mundo, a contagiar os outros para a fé, a ensinar os nossos filhos nela. Mas imaginamo-nos pouco (falo por mim) a ser perseguidos. E pergunto-me por que é que esta realidade nos parece tão distante e damos a nossa segurança por tão garantida? Pergunto-me, ainda, que fé é esta que vivemos que pouco confronta, que pouco incomoda, que pouco gera reação?

Lembrai-vos da palavra que eu vos disse: O servo não é maior que o seu senhor. Se perseguiram a mim, também vos perseguirão; se obedeceram à minha palavra, obedecerão também à vossa.
João 15.20

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Ana Rute é casada há 18 anos com o Tiago (pastor presidente da Igreja da Lapa, em Lisboa), mãe da Maria (16 anos), Marta (13 anos), Joaquim (12 anos) e do Caleb (10 anos). Tem 43 anos, nasceu e cresceu em Lisboa, Portugal. Mora nos arredores, em Oeiras, junto ao mar.

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Discípulas de Jesus de diferentes denominações da fé protestante com o propósito comum de viver para a glória de Deus.
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