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O alto preço de não ser exortada

 

Irmãos, se alguém for surpreendido em algum pecado, vocês, que são espirituais, deverão restaurá-lo com mansidão. Cuide-se, porém, cada um para que também não seja tentado. Levem os fardos pesados uns dos outros e, assim, cumpram a lei de Cristo.
Gálatas 6.1-2

Ao ouvir um sermão expositivo sobre este texto, pregado pelo nosso irmão Stênio Marcius na Igreja Batista Reformada de São Paulo, reconheci em mim mesma muitas falhas no que diz respeito ao meu compromisso com o corpo de Cristo, que é a igreja.
Minha reação, então, foi clamar a Deus para que eu começasse a agir de maneira correta. Pedi para que ele me ajudasse a ser uma pessoa dedicada, que não mede esforços para restaurar e conservar seus irmãos da fé no caminho.
Mais tarde, enquanto ainda meditava nessas palavras, comecei a me lembrar de algumas situações que vivi quando tinha 18 ou 19 anos. Quando, por imaturidade e pecaminosidade do meu coração, feri meus irmãos e pequei contra eles, sem nunca ter sido seriamente corrigida. Comecei a me lamentar pelos tempos em que tinha um compromisso com a igreja muito mais fraco do que o que tenho hoje, quando meu orgulho era mais importante do que negar a mim mesma e a humildade era apenas mais uma das características de Cristo que faltavam em mim. Quando, por orgulho, desdenhei meus irmãos e causei intrigas e divisões no meio da igreja por causa daquilo que eu pensava. Lamentei pelas atitudes que brotaram da minha carne naquela época, da ufania que ainda não tinha sido lavada pelo sangue do Cordeiro e da insensatez que acompanhava a minha imaturidade. E houve ainda mais uma coisa pela qual lamentei: a de não ter tido, nesses dias, irmãos maduros e comprometidos comigo, como parte do corpo de Cristo, para me exortar, abrir meus olhos, para corrigir meus passos, para me afiar como o ferro afia o ferro. Como me faltaram irmãs, filhas do mesmo Pai, que ao me ver destilando orgulho viessem ao meu socorro. Me faltaram irmãs que, pela graça de Deus, não tratassem meu pecado levianamente, mas que pela autoridade das escrituras corrigissem meus passos.
Talvez assim eu teria me apressado em clamar pelo perdão de Deus. Talvez assim eu teria evitado muitas lágrimas provenientes das consequências que me sobrevieram por causa do meu pecado. Talvez  assim eu estaria mais parecida com Cristo do que eu estou hoje. Talvez assim Deus teria sido glorificado como Ele merecia.
Se você reconhece que já feriu alguém na vida, deve entender o que quero dizer. Por muito tempo eu chorei por causa das consequências do meu pecado. Porém, apenas mais tarde, por causa das misericórdias e amor sem fim de Deus, que é um pai amoroso e não permite que seus filhos permaneçam no erro, fui disciplinada.
Ele me convenceu de que foi primeiramente contra ele que eu havia pecado e isso deu novo sentido às minhas lágrimas. Por sua graça, o Senhor me fez compreender o quanto eu afrontava o seu nome quando me colocava contra meus irmãos, me mostrou o quão depravado é o meu coração e o quanto eu dependo de Deus.
Hoje, olho para trás grata pelo perdão divino e pela lição aprendida, mas ainda lamento: “Ah se meus irmãos tivessem posto em prática as verdades dessa passagem! Ah se meus irmãos tivessem me assistido quando fui surpreendida em pecado! Ah se meus irmãos tivessem tido o compromisso que hoje eu desejo ofertar a eles”. Tudo teria sido diferente.
O aprendizado que eu tiro de tudo isso e espero que seja útil para quem lê este texto é que, quando recebemos a fé salvadora, abraçamos também um compromisso com o corpo de Cristo. Isso significa que recebemos de Deus o chamado de suportarmos uns aos outros, exortando e amando os nossos irmãos – e isso não pode ser negligenciado!
O que diz respeito à vida dos nossos irmãos, diz a respeito a nós. Um osso quebrado faz doer o corpo inteiro.
Só que não é fácil. Muitas vezes, causa mais dor do que cura. Afinal, esse compromisso envolve tudo que é oposto à omissão: requer cuidado, empenho, interesse sincero, zelo e muito tempo dedicado. Requer um espírito humilde e muito manso, semelhante ao de Cristo – e essas coisas só são possíveis por meio da graça de Deus, porque, no que depender da nossa natureza, vamos continuar indiferente a todos, fazendo o mínimo esforço para levar as cargas uns dos outros.
Que Deus nos ajude a abraçarmos esse compromisso, a honrá-lo e a dedicar nossas vidas em benefício dos nossos irmãos para que Deus seja glorificado em nós. Que possamos meditar como quem faz parte dos dois grupos: daqueles que caem e daqueles que permanecem de pé. Que quando cairmos, Deus nos cerque de pessoas comprometidas com ele e com  sua igreja, para nos amar e fazer tudo que estiver ao alcance para sermos trazidos de volta. E quando estivermos de pé, que Deus nos faça sensíveis aos que estão a nossa volta, com postura sempre humilde e dispostas a exortar em amor os que foram surpreendidos em pecado. Que Deus nos ajude. Amém.

Escrito por -

Renata Stanquini tem 27 anos e se juntou ao Benditas logo no início, em 2017. É casada há um pouco mais de 1 ano com André e serve na Igreja Batista Reformada em São Paulo.

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