Haja lugar!
* Por Suelen Dias
Este texto faz parte da série de Advento 2020
“E deu à luz seu filho primogénito, e envolveu-o em panos, e deitou-o numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na estalagem.” – Lucas 2.7
Um dos textos que habitualmente se lê neste período do Advento é o relato bíblico de Lucas sobre o nascimento de Jesus. Por motivo do recenseamento que estava a ocorrer em Belém não havia lugar para eles na estalagem; Jesus nasceu no estábulo, foi envolvido em panos e colocado numa manjedoura.
Sendo o Filho unigénito de Deus e podendo ter todas as coisas, também na sua vida adulta passou por várias privações e humilhações, foi perseguido e morreu cravado numa cruz; mas viveu todas estas coisas certo de que estava a cumprir a vontade de Seu Pai, e isso era aquilo que o confortava (veja João 6.38-47).
Hoje, com frequência damos por nós a procurar afincadamente ter o melhor que pudermos neste mundo (roupas, trabalho, casa, carro, família, amigos) e, dedicando os nossos esforços a isso, raramente temos igual ou superior motivação para nos dedicarmos àquilo que é eterno. Com o exemplo de Jesus, vemos a tónica colocada não nas melhores condições de vida, mas em cumprir a vontade de Deus, desde o nascimento. Era vontade de Deus que Jesus nascesse de maneira simples.
“Não havia lugar” para que percebêssemos que Jesus não precisa de lugar especial para que a sua presença traga vida e alegria.
“Não havia lugar” para que pudéssemos entender que ele pode nascer em lugares considerados menos dignos e que a sua presença é o mais importante, é ela que transforma o lugar.
Depois das luzes, que sempre me fascinam, o presépio é o que mais gosto das decorações natalícias. Saber que a maior festa da minha vida (viver eternamente com Deus) será possível porque – não sendo eu ainda nascida – nasceu, num estábulo, um menino que mudaria a história da humanidade, faz-me pensar em como as vidas se ligam umas às outras e em como ainda que os costumes e as tradições sejam diferentes de época para época, é através deles que consigo preservar na memória coisas importantes que aconteceram no passado e que me permitem ter a vida que hoje tenho.
Mais de 2000 anos passados desde o nascimento de Cristo e ainda há tantos lugares que continuam sem ter espaço para ele. Que Deus nos ajude a alegremente sujeitarmo-nos à vontade do nosso Pai dos céus, sabendo que lhe pertencemos na vida e na morte e que a coisa mais luxuosa que lhe podemos pedir é fé. Fé que nos ajude a suportar o sofrimento e nos encha o coração da certeza de que tudo é para o seu louvor. Fé que nos ajude a continuar a anunciar que Jesus nasceu, crentes que este acontecimento continuará a influenciar as vidas das gerações que se seguirão.
Convido-a a aproveitar esta altura em que lembramos de uma maneira especial o nascimento de Jesus para fazer um exercício de autoanálise.
■ Quais são as áreas da minha vida que me vejo mais tentada a não dar lugar para Cristo nascer?
■ Tem Jesus encontrado lugar na minha vida (rotina diária, pensamentos, conversas, atitudes, etc.)?
Enquanto se coloca estas duas questões, peça a Deus que a ajude a recebê-lo no seu coração e a garantir que há lugar para Cristo na sua vida.
Hoje é o tempo, façamos lugar para Cristo.