Entre o desejo de agradar e a glória de Deus
O desastroso desejo de agradar aos outros aparenta ser uma ação muito nobre e piedosa, mas na realidade revela um profundo pecado de orgulho, já que o fim principal dessa atitude é agradar a si mesmo. Enquanto caminhamos nessa busca por aprovação, corremos na direção oposta à vontade de Deus. Pense em quantas vezes você precisou ser firme ou verdadeira com alguém, mas o seu desejo de não ofendê-la foi maior e você deixou de agir corretamente para manter “a paz”. Enquanto você se satisfaz e pensa ser agradável com o próximo (orgulho), deixa de agradar a Deus e isso torna-se uma idolatria.
Lou Priolo, em seu livro “O desejo de agradar outros”, enumera algumas motivações ocultas por trás dessa atitude:
- Valorizar a aprovação dos outros;
- Evitar conflitos ao invés de resolvê-los;
- Desejar manter uma boa reputação;
- Fazer de tudo para ser “politicamente correto”;
- Gostar de “pescar” elogios;
- Desejar ser notada;
- Reagir de forma exagerada às críticas, pensando muito a cerca delas e se frustrando com o que outros falam ou pensam sobre você.
Mas o que há de errado em tudo isso? Todos esses pontos revelam que eu e você podemos pecar ao pensar em agradar mais aos outros do que a Deus.
Pois preferiam a aprovação dos homens do que a aprovação de Deus.
João 12.43
Concordo com o autor, quando escreve:
A pessoa que vive para agradar aos outros é hipócrita. É um fariseu de coração. Seu serviço aos homens e a Deus está contaminado por desejos impuros. Sua religião é mais exterior do que interior. O que ela faz externamente tendo como motivação um forte desejo de chamar atenção para si mesma. Seu primeiro pensamento não é: “Como Deus será glorificado pelo que estou prestes a fazer?”, mas antes, “Como as pessoas me verão quando eu fizer o que estou prestes a fazer?” Para ela a questão não é “O que Deus ganhará se eu fizer isso?” Sua pergunta é: “O que eu ganharei?” Ela não está preocupada em primeiro lugar com “Como posso edificar outras pessoas com minhas palavras?”1
Com isso, me recordo da admoestação de Paulo aos coríntios:
Vocês foram comprados por alto preço; não se tornem escravos de homens.
1 Coríntios 7.23
Sabemos que por meio do sacrifício de Jesus na cruz, os cristãos regenerados tornam-se escravos dEle. Em contrapartida, o mesmo cristão regenerado pode tornar-se escravo dos outros, a medida em que, pecaminosamente, deseja agradar mais aos homens do que a Deus. Ao fazê-lo, negligencia o sacrifício de Cristo para manter a sua reputação inabalável. Quão pequenos nós somos! Se desejássemos genuinamente amar a Deus, jamais ousaríamos trocar a glória dEle pela glória de homens finitos, imperfeitos e pecadores!
Portanto, desejar a aprovação de homens deixa-nos cegas para o pecado. Que em sua infinita misericórdia Deus nos ajude a amá-lo verdadeiramente acima de todas as coisas. Só assim saberemos amar ao próximo em resposta ao amor de Cristo por nós e não como um meio de agradar a nós mesmos.
Desvendar os nossos pecados nem sempre é uma tarefa fácil. É preciso quebrar o orgulho que transborda do nosso ser. É preciso reconhecê-lo como uma desobediência ao Senhor. Por fim, é preciso clamar pela misericórdia de Deus para nos desapegarmos a esse pecado que nos leva para longe dEle.
Como vocês podem crer, se aceitam glória uns dos outros, mas não procuram a glória que vem do Deus único?
João 5.44
1. O desejo de agradar outros, Editora Nutra, p.32.↩
Marília Pimenta
Excelente texto! Obrigada pela reflexão.