Como pregar o Evangelho às crianças?
Algumas pessoas acreditam que é preciso deixar a Palavra de Deus o mais minimalista possível para que as crianças a entendam. Em tal prática, são excluídos da pregação assuntos importantes do Evangelho como a Lei de Deus, o abandono do pecado, o senhorio de Cristo e principalmente a realidade do Inferno, o que torna dispensável confronta-las sobre a ira vindoura e o juízo de Deus.
Nesse conceito bastante abreviado, o evangelismo passa a se resumir em duas ou três perguntinhas, seguidas de um apelo “Você quer aceitar a Jesus?” – e se a criança responder que sim e repetir uma oração, o Céu é praticamente garantido sem qualquer necessidade de arrependimento. Mas será que é assim mesmo que Deus nos chama a pregar para as crianças? Será que ao excluirmos verdades eternas da nossa pregação estamos realmente fazendo bem às suas almas?
John MacArthur acredita que não. Ele diz (e eu concordo) que não existe qualquer fundamento nas Escrituras para diminuir a Palavra de Deus a fim de torna-la mais “digerível” a quem a ouve. Sobre isso ele escreve:
1Não amenize as partes da mensagem que parecem desagradáveis. O sangue de Cristo, a cruz e a expiação de pecados fazem parte da essência da mensagem. Se evitarmos esses temas, não estamos apresentando todo o Evangelho. Qualquer criança que consegue entender o evangelho básico também é capaz de, pela graça de Deus, confiar completamente nele e responder a ele com o tipo mais puro e mais sincero de entrega.
Tenho certeza que ao dizer isso, MacArthur não está supondo que devemos usar termos difíceis ao evangelizarmos as crianças. É claro que nossa linguagem precisa ser minimamente ajustada. Mas o que ele está tentando dizer é que, embora a forma de dizer seja um pouco diferente, a Palavra de Deus jamais deve ser distorcida em seu conteúdo. Assim como os adultos, as crianças precisam sim entender sobre a realidade da santidade de Deus e a condição perdida e sem esperança dos pecadores. Elas precisam ser levadas a examinarem a si mesmas a fim de compreenderem a sua necessidade por um Salvador.
E com qual idade as crianças conseguem entender o Evangelho?
Se por um lado sabemos que um bebê ou uma criança pequena ainda não possuem faculdades suficientes para ponderar as verdades do Evangelho, também cremos que a conversão de qualquer pessoa – independente da idade – não se dá pelo quanto ela conhece sobre doutrina, e sim sobre aquilo que Deus executa em seu coração por meio da fé. A operação do Espírito Santo não está, de maneira alguma, sujeita à capacidade intelectual humana.
Precisamos sempre nos lembrar disso: é Deus quem executa o novo nascimento – tanto nos adultos como nas crianças. É tarefa do Espírito Santo e não nossa convencer os corações e as mentes sobre o pecado, a justiça e o juízo. A fé é um dom de Deus e apenas Ele pode provocar nos nossos corações a disposição de busca-lo. Refletindo sobre isso, o escritor J. C. Ryle declarou:
2Lembremo-nos dessas verdades ao ministrar as coisas espirituais para as crianças. Devemos sempre tratá-las como seres responsáveis diante de Deus. Nunca devemos permitir a suposição de que elas são muito novas para participarem de atividades cristãs. É claro que devemos ser equilibrados quanto às nossas expectativas. Não devemos querer encontrar evidências de graça que sejam incoerentes com a sua idade e capacidade. Mas jamais podemos esquecer que o coração que não é novo demais pra pecar também não é novo demais para ser cheio da graça de Deus.
Afinal, como devemos pregar para as crianças?
A resposta é simples: da mesma maneira que pregaríamos para os adultos, apenas modificando algumas palavras que não fazem parte do vocabulário delas. Quando for expor o Evangelho a alguma criança, comece por ensinar sobre a santidade de Deus. Mostre-a o seu pecado e chame-a ao arrependimento. Conte-a sobre a obra substitutiva de Jesus Cristo na Cruz por pecadores e ensine-a que a salvação só é possível através da fé no Filho de Deus.
Quem crê nele não é condenado, mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus.
João 3.18
Aconselhe-a também a examinar a si mesma constantemente e a clamar a Deus por fé e perseverança.
Por fim, tenha sempre em mente que seu papel é instruí-la com paciência e amor, encorajá-la a se arrepender de seus pecados e a dedicar sua vida a Cristo. Ore para que Deus frutifique essa semente e confie no poder do Evangelho. É o poder de Deus para a salvação – e apenas isso – que pode atrair almas ao senhorio de Cristo Jesus.
1. O Evangelho Segundo os Apóstolos, p. 224.Editora Thomas Nelson.↩
2. Meditações no Evangelho de Lucas, p. 12.Editora Fiel.↩
4 Comentários
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Paola Ratola
Concordo! Não devemos subestimar a capacidade dos pequenos! devemos expor a destruição do pecado que habita em nós e a esperança em Cristo da salvação!
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Priscila
Muito bom🙏🏻
Tornando-se Ester Blog
Muito bom!!!