Celebrações com sentido são mais leves e felizes
* Por Suelen Dias
Este texto faz parte da série de Advento 2020
Dezembro. Lembro-me de na infância esta altura ser vivida com muita agitação (e barulho!) à minha volta. Preparações para peças, cantatas, agendas de reuniões familiares e em igreja, corrida à procura de presentes e lembranças, enfim. Apesar da correria generalizada, na minha família, este mês tem também alguns aniversários que não gostamos de confundir com o Natal. Assim, é um mês particularmente desafiador quando penso em descanso. Se já não me é natural parar, então, num mês tão agitado com este, o Advento torna-se ainda mais necessário.
Com o passar dos anos, início da vida adulta e redefinição de prioridades e rotinas, encontro maior liberdade para explorar, também, a agitação interior que a correria do dia a dia tão bem disfarça.
Por esta altura, o exercício da contemplação e do contentamento é algo que me vou obrigando a fazer com maior consciência. Preciso reconhecer que tenho mais do que preciso e que tudo é para a glória de Deus, inclusive a maneira como vivo estes dias. O contentamento ajuda-me a reconhecer o valor simbólico do presente, sem fazer que a minha felicidade se prenda a isso, a reconhecer a importância das reuniões familiares, sem deixar que elas me sufoquem ao ponto de não ter alegria nelas e a reconhecer a importância da tradição, sem deixar de estar feliz nos anos em que, por algum motivo, não posso jantar bacalhau com batatas e couve, comer um bolo e beber chocolate quente à lareira na noite de 24 ou comer fatias douradas com leite na manhã de 25.
No simbolismo da época, peço a Deus que me ensine a esperar pela celebração do nascimento do bebé Jesus como quem, estando em gestação à espera pelo nascimento do seu filho, ao mesmo tempo que não quer perder um minuto da experiência de estar a gerar nova vida, quer que ele nasça depressa para o conhecer e partilhar a vida com ele. Assim, vou encontrando descanso para o meu coração agitado nas certezas que se evidenciam nesta espera consciente.
Foi preciso que Jesus nascesse para que pudesse, então, morrer pelos meus pecados e reconciliar-me novamente com Deus. Foi preciso que Jesus nascesse para que, sendo Homem, me ensinasse que com a ajuda de Deus é possível resistir às tentações diárias. Foi preciso que Jesus nascesse para que eu pudesse sentir-me amada pelo mais perfeito amor – amor sem limite ou condição. Foi preciso que Jesus nascesse para que eu pudesse ter esperança na eternidade.
E é um pouco isto que significa esta caminhada para mim. Perceber sou vulnerável, pecadora e que, ainda que não seja tudo sobre mim, foi também por mim que ele precisou nascer e morrer.
Em 2020, as tradições e rotinas alteram-se, a correria habitual diminui e a ansiedade pelas incertezas exponenciadas pela pandemia aumenta. Mas neste tempo de espera há algo que não muda, Jesus nasceu! Quero descansar nesta verdade e celebrar a grande bênção que ela significa – a redenção da humanidade e a certeza do amor incondicional de Deus por nós.
“Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele.” – João 3.17
Neste período, peça a Deus que a ajude a aliviar as cargas de uma altura marcada por consumismo, rotinas e tradições e a relembre que ele não veio para tornar as nossas vidas mais pesadas, mas para, aliviando as nossas cargas, aumentar a nossa esperança. Vivamos este tempo com alegria!