As manhãs de dezembro são as mais especiais
* Por Cecilia J. D. Reggiani
Este texto faz parte da série de Advento 2020
Uma das tradições familiares mais especiais da minha infância foi a do Passarinho Preto. Todos os dias, ao acordar pela manhã, corríamos para a lareira da sala em busca dos presentes que o Passarinho deixava nas nossas meias de Natal penduradas. Biscoitos caseiros, chocolates, pequenos brinquedos. A criatividade era a melhor amiga das economias, e minha mãe sempre se esforçou para que a nossa imaginação fosse correspondida na história do Passarinho que vinha nos presentear pela fresta da janela. Uma história simples e sem grandes significados, mas que para nós acabou por tornar-se uma das tradições mais especiais na caminhada para o Natal.
Esse ano, depois de muitos natais passados longe da minha mãe, estamos reunidas novamente. Se já não bastasse essa oportunidade extraordinária em plena pandemia, também é o primeiro Natal do meu filho Thomas. Ao chegarmos à casa da minha mãe, lá estavam as meias penduradas, inclusive uma pequenina para o Tom. Meu coração não conseguia conter tanta alegria e gratidão por tantas graças em meio ao caos que foi 2020, e por poder viver a experiência de apresentar para meu filho a tradição das meias de Natal recheadas de pequenos presentes deixados pelo Passarinho Preto durante a madrugada.
Hoje pela manhã, quando fomos conferir o que o Passarinho havia deixado para nós, fiquei pensando em como também o Senhor Deus, em seu grande amor e fidelidade, não falhou nenhum dia sequer em renovar sobre nós as suas misericórdias e nos presentear com criatividade e carinho com pequenas e grandes prendas.
Todas as manhãs, e talvez especialmente aquelas em que me senti sem esperança e em profunda tristeza, Deus me visitou com sua graça e me deixou pequenos lembretes de seu amor. Ele não falhou, apesar das minhas tantas falhas. Ele não fez uma lista de acertos e erros para me recompensar de acordo com minha performance de boa filha, mas veio ao meu encontro, alimentando-me com sua fidelidade soberana.
Mais do que meias na lareira e passarinhos imaginários, espero poder transmitir essa mensagem ao meu filho: o Senhor vem ao nosso encontro todos os dias e renova sobre nós as suas misericórdias todas as manhãs. Não precisamos esperar pelo Natal, não dependemos de nossos esforços, Ele está disponível todos os instantes, a nos cercar e conduzir com seu grande amor.
“Querido Deus,
Obrigada por não ter falhado um dia sequer em um ano cheio de momentos tão desafiadores. Obrigada por ter me visitado todas as manhãs com a sua misericórdia e graça. Obrigada pela sua fidelidade e por não me entregar aos desejos do meu próprio coração. Ajuda-me a contar as minhas bênçãos e transmitir aos meus filhos que o Senhor é o único Deus, que de geração em geração tem mostrado seu grande amor em Cristo Jesus. Amém.”