cremosescreva • contribua

As voltas que a música dá

Desde muito cedo que a música faz parte da minha vida. Lembro-me de a minha mãe contar que com 3/4 anos cantava os hinos na Igreja com o hinário virado ao contrário, a plenos pulmões, e infiltrava-me no meio do coral para cantar com eles.

Os meus pais sempre me incentivaram, a mim e aos meus irmãos, a aprender música e a tocar um instrumento. Comecei com 7/8 anos a aprender na escola de música que funcionava na minha Igreja, com o saudoso Pr. Hampsher e D. Martha, e a partir daí fiz um percurso de aprendizagem mais aprofundado, quer na Academia de Música de Santa Cecília, quer na Academia de Amadores de Música, e por último na Escola Superior de Música de Lisboa.

Sempre gostei de música, mas nunca imaginei que essa pudesse ser a minha profissão, pois ser músico não era visto como uma profissão, mas como um hobbie, algo que podíamos fazer para passar um bom tempo de lazer e tocar na Igreja.

Eu tive um percurso escolar um pouco atribulado e lembro-me que quando acabei o ensino secundário não fazia a mínima ideia do que queria fazer no futuro. Nesta altura ainda estava a estudar música em simultâneo. Era esperado de mim que fosse tirar um curso que me desse um emprego e uma vida financeira estável, mesmo que isso não me trouxesse “felicidade” e realização. Eu fui nessa corrente. Entrei no curso de matemática (até hoje não consigo perceber esta minha opção), o qual frequentei apenas um semestre, porque percebi rapidamente que não era aquilo que Deus queria que fizesse. Lembro-me bem das muitas lutas interiores que tive nessa altura, ao ponto de considerar a hipótese de ir tirar outro curso para além da matemática e da música. A pressão era muita e não era só a nível familiar. Um dia fui ter com o meu pai ao banco, onde ele trabalhava e encontrei um colega dele que eu conhecia e a primeira coisa que me disse com um ar de desprezo foi: “tu és aquela que desistiu da matemática para ir estudar música?” A sociedade em que vivemos tenta formatar-nos de tantas formas e empurra-nos a considerarmos hipóteses que não queremos só para nos “encaixarmos” naquilo que é mais sociavelmente aceite.

Nesta altura da minha vida, tinha um grupo de amigos da minha Igreja muito bom, que me apoiou muito nesta fase difícil e com os quais falei sobre a luta que estava a viver. Eu sei que eles oraram por mim. Houve também familiares que me incentivaram a escolher a música. Deus mostrou aquilo que era a Sua vontade através da minha família carnal, espiritual, mas também através do meu serviço na Igreja. Desde cedo que comecei a servir no ministério de louvor da minha Igreja, fui muito incentivada a começar a tocar na Igreja pela querida D. Rute Machado, pela qual tenho um grande sentimento de gratidão por tudo o que fez desenvolver em mim, e quanto mais eu servia nesta área, mais Deus trazia ao meu coração a confirmação daquilo que era a Sua Vontade. Efésios 6:6 diz-nos “não servindo à vista, como para agradar a homens, mas como servos de Cristo, fazendo, de coração, a vontade de Deus;” quanto mais eu servia, mais crescia em mim este sentimento de não agradar a homens, mas agradar a Deus em primeiro lugar no meu coração e chegou o dia e a minha decisão foi tomada.

Depois de perceber o que Deus queria de mim tive que ter uma das conversas mais duras da minha vida, dizer aos meus pais que ia desistir do curso de matemática e ia enveredar pela música. Não foram momentos nada fáceis, com o sentimento de estar a desiludir os meus pais, de não estar a realizar as suas expectativas. Foram momentos avassaladores dentro de mim, mas sempre que pensava na decisão que tinha tomado sentia uma paz muito grande e Deus confirmou de uma forma muito clara a Sua vontade. Passados 2 anos entrei para Escola Superior de Música de Lisboa, onde fiz o meu curso

e ao mesmo tempo comecei a trabalhar como acompanhadora na Academia de Amadores de Música, onde estudei e onde hoje em dia sou professora.

A minha vida familiar está cheia de música, tenho 3 filhos que aprendem música, 2 deles já servem comigo no ministério de louvor, gostamos de cantar juntos e tocar juntos. É uma alegria!!!!

 

Para mim, a música não é só a minha profissão e a minha vida, mas é também uma expressão da minha fé. Sendo cristã, para mim não faz sentido nenhum a música ser unicamente para meu gozo e prazer, ela tem de expressar sempre o meu louvor e adoração a um Deus Grande, Supremo, Criativo e Criador de todas as coisas, porque é isso que Ele deseja (Sl.95:1-6). Uma parte da minha vida é dedicada à área da música na Igreja Baptista de Queluz, quer como líder do ministério de louvor e adoração, quer como professora no EVM (espaço vida e música).

 

Como parte da minha profissão dou aulas, faço concertos e gosto muito de tocar para outras pessoas, mas à cerca de uns 5 anos Deus começou a trabalhar no meu coração e na minha mente sobre o que realmente tinha valor na minha profissão, orei sobre o assunto e Deus “trouxe” até mim o EVM, uma escola de música com o propósito de lecionar música, mas também de passar valores cristãos a quem lá está a aprender. Isto é a junção “perfeita”.

Não sei o que o futuro me reserva, mas sei que enquanto puder quero dedicar o meu talento ao serviço e louvor de Deus porque Ele é digno e merecedor de tudo!

Soli Deo Gloria!!!

Escrito por -

Eunice Sousa Bento, 47 anos casada com Tó-Zé Bento há 21 anos. Servimos na Igreja Baptista de Queluz. Mãe do Rúben (19 anos), Clara (16 anos) e Pedro (11 anos). Licenciada em música pela ESML. Professora de música na Academia de Amadores de Música e Espaço Vida e Música (EVM)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Discípulas de Jesus de diferentes denominações da fé protestante com o propósito comum de viver para a glória de Deus.
Social