Qual história seu coração vai contar esse Natal?
* Por Cecilia J. D. Reggiani
Este texto faz parte da série de Advento 2020
Todos os dias, lemos um mesmo livro. Todos os dias, buscamos ao mesmo Senhor e Deus. Todos os dias, mortificamos a carne. Todos os dias, perseveramos na comunhão uns com os outros. Todos os dias, nós, cristãos, vivemos de repetir e relembrar. Vivemos nas palavras velhas de Deuteronômio 6, inculcando o que nos foi ordenado para que esteja em nosso coração e em nossos lábios ao “assentar em tua casa, andando pelo caminho, ao deitar e ao levantar”.
Somos um povo que repete histórias e, ainda assim, as descobre com novidades e aprendizados a cada leitura. Somos um povo que vive de um passado de sangue e cruz, mas na esperança de um futuro ressurreto que “está consumado” para nós na Eternidade. Vivemos entre a certeza das dores e da corrupção do corpo exterior, mas com um espírito que se renova de dia em dia. Estamos entre tribulações momentâneas na expectativa que elas produzam um peso de glória eterno e acima de toda comparação.
É tão importante e tão difícil ponderar essas verdades e paradoxos em nosso cotidiano. Anos como 2020 parecem querer engolir nossa mente com nossas próprias histórias, nossos dramas, alegrias e suspenses. A mente é capturada pelas narrativas pessoais de tal forma que é quase impossível parar e considerar as coisas do Senhor. Podem, inclusive, parecer uma perda de tempo e energia. Mas Deus não deseja que seja assim.
Gosto muito da maneira como a Ana Rute chama essa época: “caminhada para o Natal”. Não uma corrida, nem uma pausinha de cinco minutos. Uma caminhada. Um pé depois do outro, ao longo de dias, até que cheguemos ao destino da manjedoura. Vinte e cinco oportunidades de render a Deus os espaços do seu coração que estão tomados por suas próprias histórias (sejam elas tristes ou felizes) e concentrá-los nas únicas palavras que tem poder para discernir os pensamentos e propósitos do coração, para dividir alma e espírito.
Não importa quão caótico o saldo dos dias seja, quão urgentes as necessidades, quão profundas as tristezas ou deslumbrantes as alegrias, ainda é tempo de buscar a Deus. O advento oferece a oportunidade de afinarmos o nosso coração ao tom da música celestial e calar todas as outras vozes em nosso coração.
Busque essa caminhada nos próximos dias. Saia para dar um passo após o outro, até que seu coração transborde, como uma taça no casamento de Caná da Galileia, preenchida do melhor vinho. Erga a voz, junto de todo o povo santo e de toda a multidão de anjos celestiais para brindar com alegria a vinda do nosso Redentor, dizendo:
“Glória a Deus nas maiores alturas, e paz na terra entre os homens, a quem ele quer bem” (Lucas 2.14).