A mim o fizeste
Os últimos dias foram de choro e dor para muitas pessoas. Ao longo do fim de semana, pudemos acompanhar horrorizadas a mais um caso de violência doméstica que resultou na morte da advogada Tatiane Spitzner, de apenas 29 anos, assassinada pelo marido. A história foi amplamente divulgada pela mídia e as cenas da jovem sendo repetidas vezes agredida por quem deveria protegê-la custam sair da minha mente.
Paralelamente, hoje completam 12 anos da Lei Maria da Penha, uma legislação brasileira de enfrentamento à violência contra a mulher. A história de quem nomeia essa lei é muito semelhante à de Tatiane. As agressões sofridas por Maria da Penha, entre elas duas tentativas de assassinato, sendo que uma delas a deixou paraplégica, também foram perpetradas por seu marido.
Essa página é dedicada ao público feminino e com muita tristeza penso que provavelmente há mulheres vítimas de violência entre as seguidoras. As redes sociais são a vitrine perfeita para vidas de mentirinha, e o exemplo de Tatiane e seu marido estão aí para provar isso; suas fotos públicas mostram um casal feliz e apaixonado e escondem as marcas da dor e humilhação.
A violência doméstica não é submissão piedosa. Se você é agredida por seu marido, pai, irmão, namorado ou quem for, saiba que eles devem prestar contas de seus atos, à igreja e ao Estado. A agressão física não é a única forma de violar a dignidade de um ser humano. Comportamento agressivo, palavras abusivas, manipulação, ciúmes possessivo e doentio, privação de bens, todas essas coisas são pecados condenados pelas Escrituras e pela lei.
Paralelamente à essa tragédia, também acompanhamos com temor às audiências públicas do Supremo Tribunal Federal para debater uma ação apresentada pelo PSOL pela descriminalização do aborto feito até os três meses de gestação. Vemos que por todos os lados a dignidade da mulher tem sido questionada e reavaliada, esteja ela dentro ou fora do ventre. E é triste constatar que muitos dos homens que defendem com tanto vigor a humanidade dos nascituros não enxergam o mesmo valor em suas esposas, filhas e colegas.
A preciosidade da vida humana está para além dos discursos e das ideologias. Nós, homens e mulheres, carregamos a imagem de Deus. O sangue de Cristo foi derramado em igual medida de sacrifício para ambos os sexos. Não deixe que as mentiras do perverso diminuam o valor de uma mulher, seja ela Tatiane, Maria ou uma criança que ainda não viu a luz do sol.
Se você é vítima de violência, seja ela física, emocional, financeira ou espiritual, não dê ouvidos às mentiras do homem mal e de Satanás. Lembre-se das palavras de Jesus, “quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes”. Se uma parte do corpo sofre, todo o corpo sofre. Procure a ajuda de sua igreja e das autoridades.
E mais uma coisa. Saiba que a graça de Cristo é suficiente até mesmo para o marido de Tatiane. Se você é um homem que nega a dignidade das mulheres à sua volta, arrependa-se dos seus pecados e clame pela misericórdia de Deus. Busque a orientação da igreja e se submeta à lei e instrução dos que foram instituídos pelo Senhor, seja entre os santos ou na esfera pública.
Pois ele liberta os pobres que pedem socorro, os oprimidos que não têm quem os ajude.
Ele se compadece dos fracos e dos pobres, e os salva da morte.
Ele os resgata da opressão e da violência, pois aos seus olhos a vida deles é preciosa.
Salmos 72.12-14
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