Caminhada para a Páscoa
Cresci num país católico romano em que a chamada quaresma é um período de penitência e abstinência, numa espécie de processo de uma salvação que se vai conquistando – em grande parte – pelas obras. Sendo uma minoria religiosa, que não há muitos anos sofria grande discriminação e até algum tipo de perseguição, recordo-me de ouvir que nós, evangélicos, não precisávamos viver este período assim. Cremos na justificação pela fé e não há rigorosamente nada que possamos fazer para merecer a graça de Deus. O sacrifício que havia a ser feito, Jesus fê-lo no meu lugar. Aleluia!
Contudo, e mesmo sabendo que guardar o dia do domingo é uma prática da lembrança da ressurreição, creio que cresci a focar-me mais na alegria pelo resgate no meu lugar e menos na gravidade que levou a Deus enviar o único filho para morrer no meu lugar.
Foi há menos de uma década que na nossa casa começamos a viver este período, que gostamos de chamar “Caminhada para a Páscoa”, com uma maior intencionalidade. Não há Páscoa sem uma enorme tristeza pelos nossos pecados. Infelizmente, irei pecar amanhã e todos os dias em que viver nesta terra, e para poder viver uma eternidade com Deus, foi preciso um Salvador. Porque o estado do meu coração era contaminado e sem possibilidade de regeneração por si só.
Então, por que caminhar para a Páscoa, e o que me ajuda a relembrar esta caminhada?
- Ajuda-me a pensar que não sou assim tão boa como tantas vezes penso. Ajuda-me a lembrar que os meus pecados eram muitos e mais do que suficientes para merecer o Inferno. Ajuda-me a perceber a minha perdição. “…pois todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus” – Romanos 3.23.
-
Ajuda-me a lembrar que todos os dias há muitas, demasiadas pessoas a caminho do Inferno, e que embora não seja eu a convencê-las do seu pecado – isso é trabalho do Espírito – a Palavra de Deus ordena-me a que não esteja calada e que fale das boas novas. “E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura.” – Marcos 16.15.
-
À medida em que me faz falar mais de Jesus, faz-me viver mais como Jesus. Costumamos dizer que falamos o que vivemos, mas também podemos viver do que lemos e falamos. Beber da água da vida faz-nos não ter mais sede e ser uma pessoa mais santa. “Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus, que, embora sendo Deus,não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo,vindo a ser servo,tornando-se semelhante aos homens. E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo foi obediente até a morte,e morte de cruz.” – Filipenses 2.5-8.
-
Ajuda-me a questionar os meus hábitos e o que preciso corrigir. É comum ouvir-se de pessoas que deixam de comer doces durante este período, ou fazem jejum de algum tipo de coisa. Não acho errado, mas acho que pode ser uma boa forma de experimentar e reavaliar o que precisamos abdicar o resto do ano. Ajuda-me a olhar para os exemplos de simplicidade dos homens de fé que vemos na Bíblia e na gratidão com que viviam, como Paulo: “Sei o que é passar necessidade e sei o que é ter fartura. Aprendi o segredo de viver contente em toda e qualquer situação, seja bem alimentado, seja com fome, tendo muito, ou passando necessidade” – Filipenses 4.12.
-
Ajuda-me a ter mais alegria e gratidão pela gloriosa ressurreição. Jesus morreu mas está vivo, e por causa dessa ressurreição, eu também vou ressuscitar um dia e conhecer o rosto do meu Salvador.“Se vivemos, para o Senhor vivemos; e, se morremos, é para o Senhor que morremos. Sendo assim, quer vivamos ou morramos, pertencemos ao Senhor.” – Romanos 14.8
Vamos caminhar e refletir na Páscoa. Jesus está vivo!
Deixe um comentário