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Pelo fogo da incredulidade

Tudo ia aparentemente bem, até eu ser surpreendida pelo pecado da incredulidade. Ele criou em mim um turbilhão de pensamentos teimosos e pequenas atitudes provenientes de uma resistência concernente às coisas de Deus e até mesma ao próprio Senhor, durante certo período.
Dias, semanas. O tempo se esvaiu mas a minha falta de fé persistiu. Manifestou-se em níveis diferentes e situações cotidianas. Percebi minha alma a ser esquadrinhada enquanto minhas intenções eram provadas pelo fogo da descrença. De repente, vejo que passei dias sem buscar a presença de Deus, sem orar ou ler a bíblia; que estava sem nenhum interesse de ir aos cultos e nem mesmo queria ouvir sobre Deus; e que enquanto eu pensava, muitas lágrimas de indignação molhavam o meu rosto pelos decretos divinos que me afetavam drasticamente. Questionamentos e questionamentos, dúvidas e incertezas. Tudo o que eu podia ouvir era a minha própria voz:

Desista!

Desista de uma vez por todas da busca por Deus, porque as minhas indagações cruciais não obtinham respostas precisas que me satisfizessem. Sim, largar tudo para trás. Parece exagerado, não é? Mas isso é tudo que a minha carne quer: inimizade contra Deus.
Entretanto, por mais impactante que tenha sido meditar sobre essa rebelião repentina, todas essas coisas só demonstraram quem eu realmente sou sem a poderosa mão do Senhor para me sustentar e me salvar de mim mesma.
Deus estava me mostrando que eu sou mais necessitada da graça do que posso imaginar.
Confesso que fiquei surpresa com a natureza mortífera e rebelde que estava, e ainda está, dentro de mim. E o motivo de toda essa surpresa se encontra no triste fato de eu me achar boa demais para ser e agir assim. Mesmo que tenhamos sido salvas por Ele não estamos imunes ao pecado, inclusive ao pecado da falta de fé. Essa tentação é real como todas as outras tentações, mas o Senhor pacientemente nos leva ao arrependimento e nos mostra que a graça nos basta para continuar, ainda que seja difícil compreender o que Deus tem preparado para nós.
Para eu ter uma boa razão de viver o evangelho, eu preciso entender quem eu verdadeiramente sou. E para entender quem eu sou, eu preciso entender quem Ele é e como se revela a mim. Eu sou a ovelha, e Cristo o pastor. Ovelhas não são independentes e sábias; ovelhas são ignorantes, tolas e muito desobedientes. Saber que eu sou uma ovelha rebelde me desencoraja ao extremo e faz desanimar a prosseguir no caminho da vida. Todavia, saber quem é o meu Pastor me faz perseverar e jamais desistir, ainda que tudo seja escuro, confuso e misterioso. Jesus me comprou com o seu precioso sangue e agora sou sua mais rara propriedade; o seu amor por mim me faz querer conhecê-lo e obedecê-lo com alegria ao invés do medo e a dúvida assolarem a minha alma.
Quando eu estava longe, Ele deixou todas as outras ovelhas e me buscou por pura graça e misericórdia. O cajado do Senhor que me disciplina em amor deve ser o meu consolo nos momentos em que sou provada pelo fogo e que penso em desistir. Ele usa o fogo para nos purificar, mesmo sendo dolorido e até mesmo desesperador. O fogo nem sempre é o sofrimento, mas sim aquilo que atordoa a alma, que a faz sair do comodismo espiritual e posteriormente a leva ao progresso da santificação, ainda que de início pareça impossível. Ele é o nosso pastor e nada nos faltará. Ele sacia a nossa sede e nos alimenta com as suas eternas promessas. Ele é o único motivo pelo qual você e eu perseverarmos na fé até o fim.
Que toda a glória da bondade e santidade seja dada somente a Ele para todo o sempre.

Pois tu, ó Deus, nos puseste à prova, purificaste-nos como se purifica a prata.
Salmos 66.10
Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é Dom de Deus.
Efésios 2.8
Imediatamente o pai do menino, clamando, com lágrimas, disse: Creio! Ajuda a minha incredulidade.
Marcos 9.24

As minhas ovelhas ouvem a minha voz, eu as conheço, e elas me seguem.
João 10.27

Escrito por -

Ana Júlia Castro de Moraes tem 21 anos, é natural de São Paulo e adora escrever. Frequenta a Igreja Batista Reformada de São Paulo.

1 Comentário

  • Ana, fui confrontado com este texto. Me vi em várias das situações citadas por você. Entretanto, pude ver novamente o poder que a graça tem de nos tirar da lama, de nos mostrar que onde abundou o pecado a graça de Deus transborda e torna-nos limpos e nos reconcilia com Cristo dia após dia. Que você continue transmitindo a graça através de artigos como este. Abraço!

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Discípulas de Jesus de diferentes denominações da fé protestante com o propósito comum de viver para a glória de Deus.
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