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A comparação pode ser saudável?

Não há nada que estrague mais o nosso contentamento e a nossa alegria do que a comparação. Passamos a vida a comparar-nos. É inevitável olhar ao nosso redor e pensar em todos os talentos que não temos, no corpo que não temos, nas coisas que não temos. Parece sempre mais fácil olhar para o copo meio vazio do que para o copo meio cheio.

A comparação não destrói só a nossa alegria, ela alimenta a inveja. As fotografias no Instagram ou no Facebook ajudam-nos a acreditar que, por aí, há sempre alguém com uma família perfeita, com as férias de sonho e com a imagem impecável. A comparação, quando feita constantemente desta forma, deixa-nos para baixo e não nos ajuda a ser agradecidos. Pelo contrário, ficamos miseráveis. Porque em última instância, ao acreditarmos que estamos sempre numa situação de inferioridade em relação a alguém, estamos também a afirmar que aquilo que Deus nos permite ser ou aquilo que Deus nos dá, não é suficiente.

Mas existe uma comparação saudável? Creio que a Bíblia fala nela e é para isso que somos Igreja, quando lemos que devemos ser imitadores dos que herdam as promessas, em Hebreus. Só conseguimos imitar se nos compararmos e percebermos onde residem as nossas diferenças. Mas devemos fazê-lo com humildade para o que o orgulho não entre em cena. E é tão fácil buscar o autorreconhecimento e a glória para nós mesmos.

Quando nos enchemos de orgulho e inveja, na verdade não fica espaço para mais nada de bom. Ficamos vazios e cansados. Nestas alturas, precisamos voltar às Escrituras e reencontrar a fidelidade de Deus. Olhar para todos os momentos e promessas que Deus fez e cumpriu. E todas as promessas que ainda são uma realidade hoje e serão cumpridas na nossa vida, se nos entregarmos a uma vida de contentamento.

O Salmo 139 diz-nos que fomos feitos e existimos tal como somos porque Deus assim nos desenhou. Não é bonita a ideia de Deus nos ter planeado ao pormenor? Nos dias em que não estou assim tão agradecida na forma como me aparento, lembro desta realidade, a de que cada pormenor foi minuciosamente desenhado por Deus, desde antes da fundação do mundo. Existimos no tempo e no espaço que Deus decidiu. Se somos filhos de Deus, foi porque Ele nos escolheu.

A comparação última que nos é permitida, e que é saudável, é a comparação com Jesus. Em último lugar, é para ele que devemos olhar. Diz na Bíblia que Jesus não era particularmente bonito (“ …não tinha beleza nem formosura e, olhando nós para ele, não havia boa aparência nele, para que o desejássemos.”). Também conta que – apesar de ter tido multidões a segui-lo – foi “desprezado e o homem mais rejeitado de sempre” (Isaías 53).

Jesus é o maior exemplo de contentamento. Na hora em que mais foi rejeitado, ele não desistiu e deu tudo por nós. Precisamos perceber, a cada dia que passa, se a salvação que nos foi dada na cruz – e que tanto custou a Jesus – é suficiente para o dia que enfrentamos, ou se pelo contrário, precisamos de outras coisas para conquistar alegria. Se é o caso, precisamos arrepender-nos. A nossa alegria, o nosso contentamento não podem estar reféns de circunstâncias, posses ou pessoas. Precisamos voltar à cruz e ao lugar que Jesus tomou no nosso lugar, para que achemos aí a alegria que tanto nos faz falta para agradecermos pelo que somos, pelo que temos, e pelo céu que nos foi oferecido e onde um dia vamos morar!

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Discípulas de Jesus de diferentes denominações da fé protestante com o propósito comum de viver para a glória de Deus.
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